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Transtornos Alimentares - Quando o ato de comer se torna uma questão

Comportamentos alimentares que destoam da normalidade devem ser tratados e monitorados


Se a alimentação, o ato de comer em si e o peso tornaram-se uma questão central na sua vida ou de alguém que você conhece, atente-se aos sinais que podem indicar a predisposição e o desenvolvimento de um transtorno alimentar. Não é preciso entrar em pânico. Mantenha a calma, pois o primeiro passo já foi dado: interessar-se pelo assunto e compreender o que está acontecendo já é um começo. A partir de agora é essencial buscar ajuda profissional, que poderá auxiliar você no processo de diagnóstico e tratamento.


De acordo com a descrição presente no site do Programa de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP, transtornos alimentares são doenças psiquiátricas que se caracterizam por padrões de comportamentos alimentares inadequados que podem afetar tanto o consumo como a absorção dos alimentos.



A fim de compreender melhor este universo e os tipos de distúrbios existentes, conversamos com a Dra. Graziela Dassoler, psicóloga clínica e coordenadora de psicologia do grupo de atendimento a homens do Programa de Transtornos Alimentares do IPq - HC (Instituto de psiquiatria do Hospital das Clínicas).


Segundo ela, o motivo para o desenvolvimento de transtornos alimentares é multifatorial, ou seja, não se resume a uma única causa, e sim a fatores biopsicossociais. Engloba desde a predisposição genética até as condições do ambiente que o indivíduo está inserido.


Dentre os fatores possíveis, situações de estresse e a pressão da sociedade para que as pessoas se encaixem num padrão de beleza determinado, de acordo com a psicóloga, podem ser um gatilho para o desenvolvimento de transtornos alimentares, que estão associados a sentimentos negativos e sofrimento.




Confira abaixo alguns dos transtornos descritos em manuais reconhecidos internacionalmente, como o CID 11, da Organização Mundial da Saúde e o DSM 5, da Associação Americana de Psiquiatria:


Compulsão Alimentar


Características: Episódios de compulsão em que a pessoa perde o controle ao comer, ingerindo alimentos de forma voraz e em quantidades acima do normal.


Pode estar associada a sentimentos de culpa ou repulsa após as refeições.


Bulimia Nervosa


Características: Episódios de compulsão alimentar seguidos de comportamento compensatório, como indução de vômito, ingestão de laxantes ou diuréticos.


A pessoa tende a se sentir maior do que realmente é, ou seja, tem uma imagem distorcida de si.


Atenção: Sempre ir ao banheiro logo após as refeições pode ser um sintoma.


Anorexia Nervosa


Características: Preocupação excessiva com o peso, o que vai comer, possibilidade de engordar e calorias. A pessoa costuma ficar bastante emagrecida e tentar esconder o corpo magro através do uso de roupas largas.


Além de manter uma rotina exagerada de exercícios físicos e apresentar um IMC abaixo do normal, ainda assim tem uma imagem distorcida de si, enxergando-se maior do que realmente é.


Pica


Características: Ingestão persistente de substâncias não nutritivas, como papel, gelo, sabão, tijolo, metal e carvão, por exemplo.


Restritivo Evitativo (Tare)


Características: Falta de interesse pelos alimentos, apresentando uma dieta limitada a apenas alguns tipos de comida, perda de peso ou dificuldade de manter-se saudável.


Pode manifestar medo de se asfixiar ou vomitar.


Ruminação


Características: Deglutição seguida de regurgitação. A pessoa volta a mastigar, podendo cuspir ou engolir de novo o alimento.


Entre transtorno alimentar e transtorno obsessivo compulsivo, outro comportamento que ainda não consta no DSM 5, mas também demanda cuidados é:


Ortorexia


Características: Preocupação excessiva com a qualidade dos alimentos, origem e toda a cadeia de produção. Confunde-se com o discurso de uma alimentação saudável.



Ao menor sinal das características elencadas acima, não hesite em procurar ajuda. Dificilmente sozinhos, “95% dos transtornos alimentares são acompanhados por outros tipos de doenças mentais, outros transtornos, então é muito comum depressão, ansiedade e outros transtornos de personalidade”, diz Graziela Dassoler. O tratamento é realizado através de uma equipe multidisciplinar, que no melhor dos cenários conta com psicólogos, psiquiatras, nutricionistas, fisioterapeutas e educadores físicos.


Dica: Ainda sobre o assunto, vale assistir a produção de 2017, “O mínimo para viver”, em inglês “To the bone”, com direção de Marti Noxon, disponível na Netflix.


Para mais informações sobre sintomas e atendimento, sugerimos a ASTRAL (Associação Brasileira de Transtornos Alimentares).


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